quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Villa Adriana, Roma

A pouco mais de trinta quilómetros da capital italiana, Roma, perto da pequena vila de Tivoli, encontramos a magnífica Villa Adriana. Palacete erigido pelo Imperador Adriano, 76-138, ficou concluído no ano de 134 d.C. É um vasto conjunto de palácios, jardins, bibliotecas, teatros, galerias, banhos, espaços desportivos, etc. Os palácios e galerias estavam naqueles tempos repletos de obras de arte, muitas das quais repousam agora em museus italianos, no Vaticano e em Inglaterra.


Não foi sem polémica que Adriano, parente afastado de Trajano, ascendeu a imperador. E quando o conseguiu os seus primeiros dias de reinado foram vingativos, pese embora tenha passado à história como alguém justo e moderado. Ao longo da sua vida foi mais um diplomata do que um conquistador, um verdadeiro globe trotter, um arquitecto e construtor de cidades e monumentos em várias províncias do império, executados não apenas sob as suas ordens mas também por si frequentemente inspeccionados.


O espaço onde a Villa foi erigida, a não ser pela constante horda de turistas, é de uma calma impressionante. Os elegantes pórticos a circundarem pequenos lagos, o sibilar da exuberante vegetação, os pavimentos em pedra, o jogo de luz entre interiores e exteriores, tudo isso transmite-nos uma sensação de paz, de bem-estar, de alheamento completo em relação ao pragmático mundo e aos omnipresentes horários do nosso quotidiano. As estátuas realistas, as colunatas, as fontes, tudo isso nos dá uma ideia do espírito de alguém que sempre amou as artes.


O melhor retrato que temos dele talvez seja aquele que nos foi oferecido por Marguerite Yourcenar, no seu memorável Mémoires d´Hadrien. Num exercício literário ímpar a autora efabula acerca do como seria o diário deste Imperador esteta, com todas as suas possíveis reflexões político/filosóficas/amorosas e o seu atribulado quotidiano. Numa das passagens em que refere a Villa pode ler-se:



“La Villa était assez terminée pour que j´y pusse faire transporter mes collections, mes instruments de musique, les quelques milliers de livres achetés un peu partou au cours de mês voyages. J´y donnai une série de fêtes où tout était composé avec soin, le menu dês repas et la liste assez restreinte de mes hôtes. Je tenais à ce que tout s´accordât à la beauté paisible de cês jardins et de cês salles; que les fruits fussent aussi exquis que les concerts, et l´ordonnance des services aussi nette que la ciselure des plats d´argent.”


Penso que não são precisas mais palavras. Para quem não quer ir de carro próprio pode bem utilizar transportes públicos ou, em alternativa mais aburguesada mas menos interessante, comprar uma visita guiada de duas ou três horas a partir de Roma (normalmente com um pacote que inclui a sensaborona Villa d´Este). Seja como for não perca este tesouro histórico.

   

   
fotos: migalha, lda

Sem comentários:

Enviar um comentário